Fortalecer
o campo classista na luta pelo ensino público
Nos dias 17, 18 e
19 de março, trabalhadores em educação das redes municipais e
estaduais de todo o país realizaram uma paralisação nacional
convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação
(CNTE).
As paralisações
em diversos estados e centenas de municípios aconteceram no momento
em que a educação e demais serviços públicos essenciais à
população sofrem ataques de todos os governos. Os professores,
demais funcionários da Educação e milhões de crianças e jovens
são as primeiras vítimas desta política do velho Estado que não
se cansa de falar em “prioridade da Educação” ao mesmo tempo em
que aumentam seus ataques contra o ensino público, com cortes nos
orçamentos, arrocho salarial, privatização do ensino público,
desvio de verbas da Educação para o ensino privado e empresas
capitalistas. Todas as semanas há anúncios de cortes de bilhões
nos orçamentos com o claro intuito de atender aos interesses dos
imperialistas como no caso da farra da Copa da FIFA.
Temos presenciado
nos últimos tempos greves combativas deflagradas em outros setores,
como os garis no Rio de Janeiro; os operários nas obras do Comperj,
também no Rio; os Rodoviários em Porto Alegre, e os próprios
trabalhadores em educação nas greves massivas e radicalizadas
deflagradas no ano passado – todos esses movimentos realizados de
forma independente das direções pelegas e vendidas dos sindicatos e
centrais governistas.
Fatos como esse
tem se multiplicado em todo o país, particularmente a partir de
junho do ano passado a juventude combatente se levantou em protestos
multitudinários em todo o país abrindo caminho para a deflagração
de novos protestos e lutas combativas no campo e cidade.
A “mobilização
nacional” convocada pela CNTE foi anunciada em janeiro após o
Ministério da Educação (MEC) anunciar a atualização do piso
salarial nacional em míseros 8,32%, sendo este índice a “nova”
estimativa de custo aluno do FUNDEB para 2013. É justamente esse
índice que serve de teto para achatar a correção do piso salarial
do magistério em 2014. De acordo com os mecanismos apontados pela
Lei 11.738/2008, a Lei do Piso, a previsão de atualização deveria
ser de 19%, ou seja, ficou configurado um verdadeiro golpe da
gerência Dilma em conluio com governadores contra os trabalhadores
em educação.
Mas apesar da
direção oportunista e governista da CNTE/CUT que convocou mais uma
paralisação nacional com claro propósito eleitoreiro, os
trabalhadores em educação empreenderam ações combativas em alguns
estados, independentes das direções pelegas, rompendo a crosta do
oportunismo, dando vazão ao grito de revolta da categoria, sob
influência e fundindo-se aos protestos populares que ocorrem em todo
o país. Em Curitiba, os trabalhadores da rede municipal decidiram,
em assembleia realizada no dia 19 de março, pela continuidade da
greve no município por tempo indeterminado. Os educadores de Alagoas
decidiram pela continuidade das paralisações também nos dias 20 e
21 de março. Por outro lado, em São Paulo, onde concentra o maior
número de trabalhadores em educação do País, a direção da
APEOESP sabotou a greve convocada pela própria Central ao qual é
filiada, escancarando seu histórico pelego e oportunista.
A greve nacional
dos trabalhadores em educação não deve romper o círculo de ferro
das “mobilizações nacionais” domesticadas, com balões, narizes
de palhaço e marchas a Brasília. A luta em defesa do ensino
público, gratuito e a serviço do povo deve partir das mobilizações
nas escolas, da união entre professores, funcionários, estudantes e
pais de alunos, seguindo o exemplo apontado pela juventude e nosso
povo em luta, com bloqueios de rodovias, ocupações de prédios
públicos e, particularmente, greves de ocupação nas escolas,
transformando-as em trincheiras de resistência.
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