quinta-feira, 17 de abril de 2014

Fortalecer o campo classista na luta pelo ensino público

MOCLATE – Movimento Classista dos Trabalhadores em Educação

Nos dias 17, 18 e 19 de março, trabalhadores em educação das redes municipais e estaduais de todo o país realizaram uma paralisação nacional convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). 

As paralisações em diversos estados e centenas de municípios aconteceram no momento em que a educação e demais serviços públicos essenciais à população sofrem ataques de todos os governos. Os professores, demais funcionários da Educação e milhões de crianças e jovens são as primeiras vítimas desta política do velho Estado que não se cansa de falar em “prioridade da Educação” ao mesmo tempo em que aumentam seus ataques contra o ensino público, com cortes nos orçamentos, arrocho salarial, privatização do ensino público, desvio de verbas da Educação para o ensino privado e empresas capitalistas. Todas as semanas há anúncios de cortes de bilhões nos orçamentos com o claro intuito de atender aos interesses dos imperialistas como no caso da farra da Copa da FIFA.

Temos presenciado nos últimos tempos greves combativas deflagradas em outros setores, como os garis no Rio de Janeiro; os operários nas obras do Comperj, também no Rio; os Rodoviários em Porto Alegre, e os próprios trabalhadores em educação nas greves massivas e radicalizadas deflagradas no ano passado – todos esses movimentos realizados de forma independente das direções pelegas e vendidas dos sindicatos e centrais governistas.

Fatos como esse tem se multiplicado em todo o país, particularmente a partir de junho do ano passado a juventude combatente se levantou em protestos multitudinários em todo o país abrindo caminho para a deflagração de novos protestos e lutas combativas no campo e cidade.

A “mobilização nacional” convocada pela CNTE foi anunciada em janeiro após o Ministério da Educação (MEC) anunciar a atualização do piso salarial nacional em míseros 8,32%, sendo este índice a “nova” estimativa de custo aluno do FUNDEB para 2013. É justamente esse índice que serve de teto para achatar a correção do piso salarial do magistério em 2014. De acordo com os mecanismos apontados pela Lei 11.738/2008, a Lei do Piso, a previsão de atualização deveria ser de 19%, ou seja, ficou configurado um verdadeiro golpe da gerência Dilma em conluio com governadores contra os trabalhadores em educação.
Mas apesar da direção oportunista e governista da CNTE/CUT que convocou mais uma paralisação nacional com claro propósito eleitoreiro, os trabalhadores em educação empreenderam ações combativas em alguns estados, independentes das direções pelegas, rompendo a crosta do oportunismo, dando vazão ao grito de revolta da categoria, sob influência e fundindo-se aos protestos populares que ocorrem em todo o país. Em Curitiba, os trabalhadores da rede municipal decidiram, em assembleia realizada no dia 19 de março, pela continuidade da greve no município por tempo indeterminado. Os educadores de Alagoas decidiram pela continuidade das paralisações também nos dias 20 e 21 de março. Por outro lado, em São Paulo, onde concentra o maior número de trabalhadores em educação do País, a direção da APEOESP sabotou a greve convocada pela própria Central ao qual é filiada, escancarando seu histórico pelego e oportunista.

A greve nacional dos trabalhadores em educação não deve romper o círculo de ferro das “mobilizações nacionais” domesticadas, com balões, narizes de palhaço e marchas a Brasília. A luta em defesa do ensino público, gratuito e a serviço do povo deve partir das mobilizações nas escolas, da união entre professores, funcionários, estudantes e pais de alunos, seguindo o exemplo apontado pela juventude e nosso povo em luta, com bloqueios de rodovias, ocupações de prédios públicos e, particularmente, greves de ocupação nas escolas, transformando-as em trincheiras de resistência.

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